cardos

 
 
Não sei muito bem se prefiro este Junnuz que vai ganhando forma, ainda que difusa, ou aquele que descobri ocasionalmente no fórum. Bom, não se trata de uma escolha motivada por uma eventual pressão, mas sim da constatação da realidade cujos cambiantes se alteram quase instantaneamente.

As trivialidades têm dado lugar a um relacionamento ainda pouco consistente. Nada que possa considerar-se uma surpresa, já que se trata de arrumar devidamente os sinais que vão sendo revelados muito lentamente, bem disfarçados sob as estrelinhas pouco visíveis. Uma coisa eu sei!... O que quer que venha a ser vai ter que percorrer um longo e árduo caminho.

Teremos determinação que baste para suportar o peso da distância?




Olá Junnuz!...

Tinha pensado falar-te sobre as cores com que desenho a minha vida, mas decidi não o fazer. As cores não são mais do que abstracções através das quais nos deixamos iludir pelas aparências. Quase sempre nos servimos delas para disfarçar os nossos verdadeiros sentimentos.

Prefiro mostrar-me a ti tal como sou, ainda que esteja consciente da dimensão da tarefa. Nem sempre é fácil aceitarmos os que se revelam na crueza da sua essência. As pessoas preferem os artifícios exteriores à transparência do carácter que, por isso, não raras vezes se confunde com uma agressão. Que preferes tu? O manto diáfano da fantasia ou a nudez crua da verdade, para usar a terminologia de um grande escritor português?

As dúvidas são um fenómeno inerente à condição humana. Não é possível colocá-las de lado como se elas - as danadas - pudessem abdicar do seu passatempo favorito: perturbar o raciocínio e o pensamento!... As minhas não perdem a mais pequena oportunidade para tentar confundir o que eu julgara serem as minhas convicções mais profundas. E fazem-no sempre nas situações mais inesperadas.

Temo não conseguir sussurrar-te mais do que os aspectos superficiais do meu quotidiano. Não porque me satisfaçam as metáforas, mas sobretudo porque ainda não aprendi a soletrar as sílabas da alegria. Pedes-me mais do que flores em palavras e eu apenas tenho cardos para te enviar. Ousarás tu afrontar os espinhos?

Pretendo, todavia, transmitir-te um sinal da minha boa-fé. Não me proponho dar um nó cego nos teus sonhos, mas não tenciono desvendar-me por completo apenas para te poupar trabalho, ou para preservar a tua adolescência. Cada um de nós - adivinho-o - terá um árduo caminho a percorrer, mas sem luta os triunfos perdem todo o seu sabor. Espero que sejas capaz de entender o que se esconde neste presente que te envio.
……………walking away from rainbows

Um abraço (para que saibas que aceitei o teu)

driftin’
 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Um ponto de interrogação: o futuro de nós

rosa-dos-ventos

Três Estações