A curva



Dizer que sou obcecado, louco, um incorrigível renegado ou algo do gênero seria pouco, talvez. Muitas são as palavras que podem chocar contudo, ainda mais em um mundo onde a estética dita as regras da intolerância. Enquanto isso tentamos lutar contra nossos próprios preconceitos. Buscamos encontrar a ovelha negra dentro de nós sem com isso deixar de dizer bom-dia aos vizinhos. Os meus “bons-dias” costumam ser sinceros, mesmo quando estou de mal-humor.

Hoje contudo, deu-me uma vontade imensa de escrever. Mas ele é um fantasma agora, ou seria a alegoria da esperança? Acredito naquilo que consigo e consigo ouvir suas músicas! Vai lá... completam-se praticamente dois anos desde a última notícia daquele rapaz... Um feliz aniversário não deve machucar muito o silencio que se perpetua entre nós. Vou escrever para ele.


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Driftin’

Um dia, há mais de dois anos decidi escrever-te. Agora, completa-se quase dois anos que não mais tenho notícias tuas. Foi rápido, eu sei... Mas foi o suficiente para cumprir em mim a esfera de uma memória: de uma boa memória contudo!

Talvez eu quisesse dividir contigo, meu amigo esvaecido, aquilo que fui e aquilo que me tornei. Sei que a beleza da inocência talvez não movimenta mais as engenhocas deste ser que vos escreve, mesmo o português insistir em ser o de uma criança. Mesmo assim, hoje lhe escrevo para dizer que o tempo deixou em meus lábios o sabor da inquietação.

Mas, se por acaso, as fotografias que eu vejo são os conceitos do nosso entardecer, eu as confundo com um bonito amanhecer de um sonho. De todo modo, eu devo aprender como aproveitar bem à noite, o dia, ou um segundo devasso do teu tempo. Pois o tempo não é mais a ansiedade explosiva, é apenas saudade. Por isso, o amargo deste chocolate anima os meus dias frios e tristes, apesar de alegrar-me o sabor da canela no creme, tocando-me suavemente.

Junnuz

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