metáforas e perplexidades

 
 
As palavras não podem remediar a passagem do tempo. Não têm como reconstruir a realidade dos dias que se foram. As dimensões paralelas não têm porta de entrada. Se calhar nem têm forma.
 
Não é difícil assimilar a ideia da ausência da distância. Não é!... O que se torna complicado é acondicionar a tristeza no vazio sem medida em que o peito se transformou. Isso, porém, já foi chão que as lágrimas regaram pouco antes de secarem.
 
Fosse a ubiquidade possível e jamais os condicionalismos haveriam de conjugar-se. Porque o não é, resta a tentativa de entender a angústia - de lhe adivinhar o percurso e os estragos que vai causando.
 
O abraço há-de ser longo. Do tamanho do silêncio em que cabe a solidão!...
 
...
 
Junnuz!...
 
Não sei - não tenho qualquer ideia minimamente concreta sobre o que aconteceu - se tudo não passou de um sonho. Ali, de súbito, como se o imprevisto tivesse deixado de ser uma abstracção, dei por mim a percorrer os escassos metros que me separavam do castelo de cristal.
 
Não fui capaz de decifrar os contornos daquela desolação. Dir-se-ia que uma noite sem esquinas se tinha abatido sobre as próprias palavras que, no meu imaginário, haveriam de me franquear a entrada. Como se o pensamento bastasse para te sussurrar a minha chegada.
 
Deixei-me conduzir aos meandros da minha confusão, objectivamente incapaz de questionar os mecanismos daquela tristeza. Talvez por ter interiorizado a ideia de que somente as paredes poderiam guardar as memórias daquela madrugada em que nos conhecemos. Das árvores. Do imenso azul do oceano. Dos teus lábios. Dos meus olhos.
 
Prometo ser mais audaz da próxima vez que me aproximar da sombra do teu sorriso.
 
 
driftin'
 

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