O mar


Penso tanta coisa que mal consigo organizar-me. Devo estar exausto! Mas, não consigo para que questionar-me. Será este rapaz a personificação da proposta de afrodite? Ou um jovem, como eu, a desaventurar-se pelos caminhos desconhecidos da vida? Afinal, seriam estas cinzentas tardes de isolamento, cujos castigos tem feito da minha alma algo vazio a ponto de buscar no outro as respostas da vida?... Só posso estar atravessando uma tormenta como nunca antes imaginei passar. Mas, lê-lo, de algum modo, acalma este mar e afasta os demônios. Pode ser uma ilusão. Caso assim seja, sinto-me muito bem com ela, mesmo que por apenas alguns instantes. A presença deste rapaz, figurada em algumas palavras, modifica o horizonte das perspectivas. De fato, pode ser uma rosa dos ventos, a me guiar ou a guiarmos. Resta-me saber para onde.

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Driftin’

Hoje lhe escreveria apenas para dizer boa noite, pois já é tarde, e o dia foi demasiado longo, demasiado pesado. Apenas o sono não vem. E questiono-me sobre as coisas deste mundo que trouxe para mim, não sei até qual medida são genuínas as minhas vontades. Por hora, elas parecem apenas anseios de um garoto mimado, que nunca fui.

É estranho, posso afirmar, esta sensação dentro de mim. As tuas palavras, que podem muito bem ser devaneios do desejo, são demasiadamente belas. Elas me fazem contemplar, através de pensamentos ilusórios, que um dia eu poderei descansar no conforto de uma aventura sublime. Mas, como disse antes, até o momento, sinto-me como se estivesse a me auto enganar.

Não estranhe muito minhas palavras, nem tampouco sinta-se responsável por mim, Sr. Lobo, afinal, estes olhos que imagino só existem na caixinha de recordações que outro dia visitei. Lá dentro, eu reli uma carta, ao som das musicas que a acompanhara. Lembrei das leituras que fiz e dos dias intermináveis que vieram.

Mas, vamos lá, afinal, eu sou o rei dessa terra! Por isso, se um dia eu me deitar sob o gramado das tuas histórias, irei deliciar-me verdadeiramente com os contos que um dia imaginei serem mais que contemporâneos, cujos rabiscos tornar-se-iam talvez uma história banal, porém uma história real e uma história possível.

J.


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