no limiar da distância

 
 
É na margem mais antiga do silêncio que as palavras voltam a percorrer as vertentes da memória. Infatigáveis, como que pretendendo beber uma a uma, as inevitáveis sílabas da distância.
 
São muito ténues os indícios de uma alegria que não se demora no olhar - que tenta romper a penumbra que se espraia pelas esquinas da incerteza, ou que procura aperceber-se do rumo do pensamento através das ilusões.
 
Mas a ausência de um sorriso também se esboça nessas mãos em cujos dedos se aconchega o coração do tempo. Em cujas linhas se esgotaram as promessas!...
 
...
 
Junnuz!...
 
 
Quantas vezes procurei por ti nos improváveis caminhos do silêncio?! Quantas vezes os nossos olhos se demoraram na contemplação da ternura e no prolongamento do desejo?!...
 
Sei - isso sei - que os nossos passos raramente sucumbiram à vontade de percorrer em círculos concêntricos, a distância que sempre se interpôs entre o outono e a tímida confluência dos sentidos. Os gestos, talvez receosos de que alguém os pudesse reduzir à perdulária indefinição dos sonhos, limitaram-se a esboçar os incipientes contornos de uma alegria difusa. Sem chama.
 
...E, não obstante a vertiginosa sucessão dos calendários, continuo a tentar adivinhar as coordenadas desse sorriso que permaneceu nos traços de uma adolescência que teima em resistir à insensatez das vozes que lhe decretam o epílogo.
 
 
driftin'
 

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